segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

As pessoas em primeiro lugar

É importante que as pessoas com deficiência façam parte das nossas comunidades, dos nossos grupos; que possam trazer seus dons para dentro delas. Cada pessoa com deficiência, tem algo para contribuir.

     Ao longo da história da humanidade, no primeiro momento, as pessoas com deficiência eram deixadas para morrer, sacrificadas. Num segundo momento, foram colocadas em instituições, vivendo segregadas da sociedade. Num terceiro momento passaram pela etapa da integração, isto é, se elas pudessem se integrar neste mundo, elas podiam participar, caso contrário, ficariam de fora.

     Agora estamos na fase da inclusão, quando as pessoas com deficiência fazem um esforço, mas a sociedade também o faz de acolhê-las, com rampas, com adaptações... Porque não são as pessoas com deficiência que são incapazes, mas o mundo em que nós vivemos é incapacitante.

     É importante que as comunidades religiosas construam rampas, banheiros acessíveis, para que as pessoas com deficiência possam participar. É importante as comunidades, também, desenvolverem uma programação de visitação, que busquem as pessoas com deficiência que estão isoladas, tragam elas para dentro da comunidade para que possam participar, trazer o seu dom, sua oferta, compartilhar e enriquecer a comunidade.

     Tive paralisia infantil aos seis meses de vida. Cresci enfrentando as barreiras arquitetônicas, os preconceitos. Ao longo da minha adolescência, sofri muito porque, enquanto todos jogavam vôlei, namoravam, para mim não acontecia assim. Resolvi, então, ser pastora para ajudar as pessoas com deficiência. A deficiência não faz ninguém menos. Ela só é um limite com o qual nós temos que conviver.

     Eu diria para os jovens, que não têm deficiência, que tentem se aproximar, conviver com quem as têm. Somente a convivência vai quebrar os preconceitos, e fazer perceber que as pessoas com deficiência são, em primeiro lugar, pessoas e, em segundo lugar, elas têm uma deficiência. As pessoas com deficiência têm os mesmos desejos, vontades de ter amigos, fazer programas, mas o preconceito faz com que os sem deficiência se afastem delas. O meu recado é: vão em busca das pessoas que têm deficiência. Elas têm muito a oferecer. Elas são, em primeiro lugar, pessoas.

Iara Müller
pastora, Escola Superior de Teologia, São Leopoldo, RS.

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